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Mad Old School Rock'n'roller

quinta-feira, 30 de maio de 2013

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Em 1973 viajei e toquei nos States (que hoje chamam de Gringa). Foi minha pós graduação psicodélica, preparação para o Doutorado em Rock'n'roll... hehehe. Cinco mil milhas hitch-hiking (de carona): Miami to NY e depois , coast to coast, até San Francis com viola caipira e namorada goiana. Ela é poetisa e retratou a magia do Sonho!

YOU WHO ARE ON THE ROAD MUST HAVE A CODE*
para Cris e Maya

Deixei meu papagaio em Fisherman´s Wharf
na São Francisco dos primeiros anos 70
culpados por Vietnams Watergate petróleo
juventude insegura, choro do solo de Neil Young.
Onde terá se enganchado aquela pipa vermelha
não sei. Por minhas mãos se enroscaria
com Zé e Maria na torre de Twin Peaks
pra de lá melhor entoarem odes às crenças
de Atlântida ressurgida, com os hippies.

Na Haigh-Ashbury, flauta e trompete
gemiam saxônicos com viola e caxixi
sertanejos. Asa branca de dois albatrozes
viajantes, e o feitiço dos acordes soando
nas madrugadas frias do Marigold Coffee.
Um cometa esperado acendia os alucinógenos
olhos daquelas noites na Califórnia.

E Zé Brasil e Maria Ninguém encontraram
num hell’s angel o seu anjo protetor.
Num mapa da mágica cidade ele assinalou
as zonas perigosas e com sombras zelosas
dançando em seus olhos de bandido alertou:
meninos, passem longe daqui.
Tinha matado já uns dois humanos, roubava
e traficava heroína, o anjo irmão sanfranciscano
de Maria e Zé Brasil.

Maria ganhou nos últimos dias uma cadela
branca anã e cega de nome Lua e enlaçou
um naco do seu coração numa árvore
de Redwood Forest. E veio de volta
para o Brasil sem o Zé e sem a Lua
meio ninguém e meio morta.
(1974)

Angélica Torres Lima

*Teach Your Children (Crosby Still Nash &Young)
Quando toda uma geração está partindo (e muitos e muitas de todas as idades) algumas reflexões afloram às nossas mentes: essa questão fundamental da vida e da morte, de onde viemos, para onde vamos, se vamos (!), o que é a matéria, o espírito, o corpo, a alma, etc... As religiões tem explicações e acho que a Fé, acreditando nessas explicações, nos consola. E quem não tem Fé ou tem pouca como é que fica? Toda vez que olho para um cadáver sinto que aquele corpo não é mais aquela pessoa que conheci. Então o que aconteceu com aquela pessoa que conheci? Seus reflexos ainda permanecem na Terra: suas lembranças, seus descendentes, suas criações, suas imagens, sons (ah! como gostaria de ouvir a voz bonita da minha mãe novamente, mas não tenho registro), escritos, objetos, roupas... Mas aquela pessoa, aquela presença, aquela alegria, tristeza, aquele afeto, aquele cheiro, aquele ser humano enfim, o que aconteceu com ele? Acho que o mínimo que podemos pensar é que se diluiu, retornou de onde veio e de onde nunca saiu ou sairá. Talvez a nossa Consciência, o nosso Ego, seja uma concentração momentânea de energia como efeito de uma vibe, uma vibração, que chamamos de Amor. Uma manifestação única e maravilhosa que nos permite conviver e se comunicar com outros seres na mesma dimensão. Tem gente que jura que existem outras dimensões e eu posso até afirmar que já experimentei algo parecido em algumas ocasiões. Mas é uma questão totalmente pessoal e temos que respeitar as outras experiências e versões. Muita gente encontra a felicidade e a realização no ateísmo explicando racional e intelectualmente todos os mistérios da vida. E o que é a vida? O que é a morte? O que é o tempo? Estou atravessando uma fase em que acho mais importante questionar do que responder, duvidar do que afirmar, procurar do que achar. Talvez isso seja a vida humana e a morte é a resposta para tudo isso. Amém.
Caetano disse, ou melhor gritou, tudo no discurso do TUCA. Prestem atenção moçada, ouçam com atenção. Por causa desse Caetano Veloso e do Gilberto Gil é que estamos juntos aqui hoje. Além de todas as coisas divinas e maravilhosas que caracterizaram o Movimento Tropicalista, que até hoje agradeço a Deus por ter participado, a UNIÃO era o grande segredo, o grande barato. Era tão forte a união do grupo, da turma, que nem a ditadura conseguiu acabar com a gente. Caetano & Gil eram amigos desde muito jovens, admiradores um do outro, fãs mesmo, e permanecem até hoje. Eu sou fã de muita gente, há muito tempo, que nem fala comigo, de mim, da minha música, do meu trabalho. Hoje fiquei emocionado porque o Rolando Castello Junior da Patrulha Do Espaço, falou da nossa amizade quarentona. Sempre tentamos fazer alguma coisa juntos, poucas vezes conseguimos. Sempre que posso cito a Patrulha e seu comandante que é também meu compadre pois me deu a honra de batizar seu primogênito. Sempre que posso cito o Edu Viola meu amigo/írmão desde 1968. Sempre que posso cito o Nico Pereira de Queiroz, parceiro/amigo/irmão desde 68 também. Sempre que posso cito meus amigos Cezar de MercesGerson Conrad & Pedro Augusto Baldanza que conheço desde o início dos anos 70. Sempre que posso cito nossas bandas setentistas O Terço, Som Nosso de Cada Dia, Secos & Molhados, Terreno Baldio. E quando éramos unidos conseguimos coisas maravilhosas no meio de um contexto feroz de repressão e obscurantismo. Tento hoje, de nOVO (hehehe), unir todo esse pessoal assim como brothers & sisters de todo o Brasil como o Daniel Cardona Romani e o Antonio Pedro Fortuna do Rio de Janeiro, o Rafael Cony do Rio Grande do Sul, o Mario Pazcheco de Brasília, o Moisés Santana da Bahia, O Juarez de Minas, o João Régis da Bahia também, o Carlos Augusto Gaertner de Curitiba, a Fernanda Valente do Rio, o Luiz Domingues aqui de Sampa e muitos outros e outras. Somos um Movimento? Caiu a ficha da união ou ainda continuamos nossa inglória batalha pelas nossa carreiras individuais ou das nossas bandas por um um lugar ao Sol? O tempo passa, estamos indo embora...
Música autoral x cover:
Minha humilde sugestão é que as bandas autorais se unam e procurem (criem) espaços alternativos (teatros, casa de shows, locais públicos, etc) onde, inclusive, sua música será ouvida e não fará parte do burburinho, para dizer uma palavra suave, dos bares. A música cover é a trilha musical dos botecos e, dificilmente, cederá lugar à outro tipo de som. As pessoas quando bebem e se confraternizam gostam de ouvir e até cantar músicas conhecidas. A maioria quer só se divertir e não levar a sério qualquer manifestação de arte. É a "filosofia" happy-hour que significa esquecer qualquer coisa relacionada à trabalho ou assunto sério e música autoral é trabalho e assunto sério o que não exclui que seja divertida.
Com vontade de escrever palavras de ânimo e força para mim e para todos. Sinto que têm dias que a barra pesa, e como. As cruzes individuais se interlaçam num emaranhado confuso e, aparentemente, sem perspectivas. Quase tudo que vejo, ouço, sinto, parece que me impede de ser feliz, de realizar meus sonhos. Meus amigos tristes e decepcionados, a cidade e o planeta tomados por notícias negativas. A minha geração se despedindo desse mundo, prematuramente, sem concluir seu legado. Mas minha certeza é cada vez mais dominante: o caminho, a resposta, a solução está dentro da gente. Os gurus recomendam a meditação, olhos fechados, audição voltada para seus sons naturais: a respiração, a batida do coração, enfim, a voz do seu verdadeiro eu, a Voz de Deus. Orações, pensamentos que acolham o Amor Infinito que permeia o Universo, a Força do Bem! Paz-ciência, vida saudável, boa alimentação, exercícios físicos, a beleza da Arte... tanta coisa que podemos fazer por nós mesmos e, por conseguinte, pelos outros. Insistir no bom exemplo, sem se preocupar com resultados, com seguidores. A voz no deserto é ouvida pela areia e pelas pedras, pelo menos. Nunca estamos sós... ESTAMOS SEMPRE JUNTOS!
"O Rock é uma força da natureza liberada pela música!" (Zé Brasil)
Lembrando da minha querida mamãe, felicito todas as mamães da Terra, os seres mais perfeitos que conheço.
Ontem na Feira de Áudio comentei com um inglês (nós dois com os cabelos prateados, compridos e presos) que os jovens olham para nós como se fossemos uns velhos decrépitos (hehehe), depois, quando vêm a gente tocar, são tomados de respeito e admiração! Estou dizendo isso por que só há uns dois dias atrás caí na real com relação a esse fato. Hoje sempre ajo naturalmente com todas as pessoas de todas as idades e, provavelmente pelo efeito colateral do rock'n'roll, com os jovens trato de igual para igual. Doce ilusão! A barreira transgeracional ainda está sólida e só é transposta pela Internet em algumas circunstâncias. Para mim a nossa geração é quem vive atualmente no planeta Terra: pode ter hum ou cem anos, somos todos contemporâneos nessa aventura da vida. Mas já fui jovem também e me sentia imortal, poderoso e lindo... kiákiákiá.
Gostando ou não, o rock brasileiro é música popular brasileira: não é tailandesa, nem alemã, nem marciana... hehehe. Muitas vezes o que o artista quer ou não quer, o que acha ou deixa de achar, não tem muito a ver com a realidade dos fatos, com a história. Garanto que muitos MPBistas da gema também não consideram o rock brasileiro como MPB, apesar de toda a influência desse gênero desde os anos 50. Mas é inegável e historicamente comprovado a partir da Jovem Guarda e da Tropicália, principalmente. Considero a influência do Rock Brasileiro Setentista na música popular brasileira tão importante quanto a Jovem Guarda e a Tropicália, apesar do seu pouco (re)conhecimento por parte do público em geral. Sem o desenvolvimento underground, contracultural, da nossa vertente rockeira durante os anos 70 NADA teria acontecido depois como aconteceu, inclusive a explosão do Rock Brasileiro nos anos 80.
Coisas pra pensar e não, obrigatoriamente, concordar... viva a diversidade! O rock vive sua fase jazz: tudo é rock... vai falar isso prum sambista por exemplo: tudo é samba, ou tudo é forró, ou tudo é tango, ou tudo é música erudita. A diversidade pressupõem diferenças e os gêneros musicais tem certos pré-requisitos: ritmo, harmonia e melodia, por exemplo, que os caracterizam, além da temática no caso das canções. Pode ser o anti-ritmo, a anti-melodia e a anti-harmonia, pode ser a anarquia musical. Acho que o rock brasileiro é MPB (música popular brasileira), desculpem-me a ortodoxia dogmática pré-tropicalista, porque é música popular, é cantado em português/brasileiro e criado no Brasil. Mas nem toda MPB é rock, óbvio. Então pra que forçar a barra? Nem toda a chamada Nova MPB é rock brasileiro portanto. Tudo é música, boa ou ruim, como nós músicos costumamos dizer. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, ou não, como diziam Caetano & Gil.
Nosso sonho estava começando, enquanto lá fora já tinha acabado. Nossos anos 70 foram os 60 da Europa e Estados Unidos, graças à Ditadura, maledeta. Mas, mesmo assim, "quem não dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou..." hehehe.
Acho que o lance, em qualquer situação, seja qual for o sexo, é auto controle para segurar o orgasmo e prolongar o êxtase. As mulheres tem a vantagem dos orgasmos múltiplos, os homens tem que ter mais paciência, enfim, pra mim é a verdadeira guerra (boa luta) dos sexos onde todos devem sair ganhando e dar a preferência ao outro(a).
"MAKE THE LOVE WAR,IN PEACE!"... hehehe.
Eu sou da geração Woodstock, a geração Paz & Amor, que aprendeu com os índios, Gandhi, Buda, Thimoty Leary, Aldous Huxley, George Orwell, Oswald de Andrade, Rogério Duprat, Beatles, Stones, Hendrix, Janis, Mutantes...o que não me impediu de ser torturado por ser rockeiro, hippie, tropicalista, cabeludo, maconheiro e esquerdista. Hoje acho que o caminho é a tolerância, compaixão, compreensão de todas as diversidades e respeito à vida em todas as suas formas. Vivemos uma época que é muito mais fácil odiar do que amar, prejudicar do que ajudar, maldizer do que elogiar, enfim, é mais fácil ser do Mal do que do Bem e isso é uma armadilha. A ironia, o sarcasmo, o desprezo, são sintomas de inteligência e cultura. Ainda acredito num Renascimento, numa Nova Era, como a flor de lótus nascida no pântano. As grandes crises da Humanidade precederam períodos de glória! Temos que respeitar as opiniões, as dissidências... não existe guerra santa.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

VIRADA CULTURAL

Foi a primeira vez que eu fui conferir in loco a Virada Cultural, talvez porque o show 70 de Novo quase foi contratado por uma iniciativa da Marcia Rodrigues e um reforço do Moisés Santana. Mas eu queria mesmo era ver meu amigo Edgard Scandurra tocando com o baixista do Jimi Hendrix, Billy Cox. Cheguei no palco São João quando o show tinha acabado mas valeu por encontrar amigos como o Edgard, o André Maltese, o Marcos Azzella, o Carlos Strobing, o Fabio Golfetti, o Daniel KidRibeiro, a Lucinha Turnbull, o Alex Guarani-Kaiwoá Antunes, o Elton Amorim, conhecer a simpática família Scandurra (Carol Scandurra e Marco) e curtir um pouco do backstage. Agora, o palco é uma coisa e o chão da rua é outra, infelizmente. Digo isso pela minha sensação de circular pela multidão das pessoas da minha cidade. Onde foi parar o Paz & Amor dos nossos shows e festivais setentistas? Acredito que a grande maioria ainda sente ou quer isso no fundo dos seus corações e mentes. Mas tem uma minoria satânica que só vê mais uma oportunidade de fazer mal. Então a vibe é de insegurança, medo e ansiedade reforçada pelo alto consumo de álcool, principalmente. E tudo podia ser lindo, emocionante, com toda aquela diversidade de música e arte. Mas o rescaldo é arrastão e morte! Lembrei do Festival de Altamonthttps://en.wikipedia.org/wiki/Altamont_Free_Concert em 1969 quando os Rolling Stones pisaram na bola e contrataram os violentos Hell's Angels para cuidarem da segurança e eles acabaram assassinando um jovem negro a facadas. Foi o começo do fim do Sonho da Era Hippie. Acho que temos que repensar a Virada para que ela continue sendo esse mega-evento cultural que nossa cidade merece e precisa. Mas que ela também seja, já que Paz & Amor já era, um estímulo à convivência harmoniosa e alegre dos paulistanos e visitantes. Um exemplo de que nossa raça humana evoluiu, não só tecnologicamente, mas também como os guardiães de um Mundo Novo.