Em 1973 viajei e toquei nos States (que hoje chamam de Gringa). Foi
minha pós graduação psicodélica, preparação para o Doutorado em Rock'n'roll...
hehehe. Cinco mil milhas hitch-hiking (de carona): Miami to NY e depois , coast
to coast, até San Francis com viola caipira e namorada goiana. Ela é
poetisa e retratou a magia do Sonho!
YOU WHO ARE ON THE ROAD MUST HAVE A CODE*
para Cris e Maya
Deixei meu papagaio em Fisherman´s Wharf
na São Francisco dos primeiros anos 70
culpados por Vietnams Watergate petróleo
juventude insegura, choro do solo de Neil Young.
Onde terá se enganchado aquela pipa vermelha
não sei. Por minhas mãos se enroscaria
com Zé e Maria na torre de Twin Peaks
pra de lá melhor entoarem odes às crenças
de Atlântida ressurgida, com os hippies.
Na Haigh-Ashbury, flauta e trompete
gemiam saxônicos com viola e caxixi
sertanejos. Asa branca de dois albatrozes
viajantes, e o feitiço dos acordes soando
nas madrugadas frias do Marigold Coffee.
Um cometa esperado acendia os alucinógenos
olhos daquelas noites na Califórnia.
E Zé Brasil e Maria Ninguém encontraram
num hell’s angel o seu anjo protetor.
Num mapa da mágica cidade ele assinalou
as zonas perigosas e com sombras zelosas
dançando em seus olhos de bandido alertou:
meninos, passem longe daqui.
Tinha matado já uns dois humanos, roubava
e traficava heroína, o anjo irmão sanfranciscano
de Maria e Zé Brasil.
Maria ganhou nos últimos dias uma cadela
branca anã e cega de nome Lua e enlaçou
um naco do seu coração numa árvore
de Redwood Forest. E veio de volta
para o Brasil sem o Zé e sem a Lua
meio ninguém e meio morta. (1974)
Angélica Torres Lima
*Teach Your Children (Crosby Still Nash &Young)
YOU WHO ARE ON THE ROAD MUST HAVE A CODE*
para Cris e Maya
Deixei meu papagaio em Fisherman´s Wharf
na São Francisco dos primeiros anos 70
culpados por Vietnams Watergate petróleo
juventude insegura, choro do solo de Neil Young.
Onde terá se enganchado aquela pipa vermelha
não sei. Por minhas mãos se enroscaria
com Zé e Maria na torre de Twin Peaks
pra de lá melhor entoarem odes às crenças
de Atlântida ressurgida, com os hippies.
Na Haigh-Ashbury, flauta e trompete
gemiam saxônicos com viola e caxixi
sertanejos. Asa branca de dois albatrozes
viajantes, e o feitiço dos acordes soando
nas madrugadas frias do Marigold Coffee.
Um cometa esperado acendia os alucinógenos
olhos daquelas noites na Califórnia.
E Zé Brasil e Maria Ninguém encontraram
num hell’s angel o seu anjo protetor.
Num mapa da mágica cidade ele assinalou
as zonas perigosas e com sombras zelosas
dançando em seus olhos de bandido alertou:
meninos, passem longe daqui.
Tinha matado já uns dois humanos, roubava
e traficava heroína, o anjo irmão sanfranciscano
de Maria e Zé Brasil.
Maria ganhou nos últimos dias uma cadela
branca anã e cega de nome Lua e enlaçou
um naco do seu coração numa árvore
de Redwood Forest. E veio de volta
para o Brasil sem o Zé e sem a Lua
meio ninguém e meio morta. (1974)
Angélica Torres Lima
*Teach Your Children (Crosby Still Nash &Young)
Quando toda uma geração está partindo (e muitos e muitas de todas as
idades) algumas reflexões afloram às nossas mentes: essa questão fundamental da
vida e da morte, de onde viemos, para onde vamos, se vamos (!), o que é a
matéria, o espírito, o corpo, a alma, etc... As religiões tem explicações e
acho que a Fé, acreditando nessas explicações, nos consola. E quem não tem Fé
ou tem pouca como é que fica? Toda vez que olho para um cadáver sinto que
aquele corpo não é mais aquela pessoa que conheci. Então o que aconteceu com
aquela pessoa que conheci? Seus reflexos ainda permanecem na Terra: suas
lembranças, seus descendentes, suas criações, suas imagens, sons (ah! como
gostaria de ouvir a voz bonita da minha mãe novamente, mas não tenho registro),
escritos, objetos, roupas... Mas aquela pessoa, aquela presença, aquela
alegria, tristeza, aquele afeto, aquele cheiro, aquele ser humano enfim, o que
aconteceu com ele? Acho que o mínimo que podemos pensar é que se diluiu,
retornou de onde veio e de onde nunca saiu ou sairá. Talvez a nossa
Consciência, o nosso Ego, seja uma concentração momentânea de energia como
efeito de uma vibe, uma vibração, que chamamos de Amor. Uma manifestação única
e maravilhosa que nos permite conviver e se comunicar com outros seres na mesma
dimensão. Tem gente que jura que existem outras dimensões e eu posso até
afirmar que já experimentei algo parecido em algumas ocasiões. Mas é uma
questão totalmente pessoal e temos que respeitar as outras experiências e
versões. Muita gente encontra a felicidade e a realização no ateísmo explicando
racional e intelectualmente todos os mistérios da vida. E o que é a vida? O que
é a morte? O que é o tempo? Estou atravessando uma fase em que acho mais
importante questionar do que responder, duvidar do que afirmar, procurar do que
achar. Talvez isso seja a vida humana e a morte é a resposta para tudo isso.
Amém.
Caetano disse, ou melhor gritou, tudo no discurso do TUCA. Prestem
atenção moçada, ouçam com atenção. Por causa desse Caetano Veloso e do Gilberto
Gil é que estamos juntos aqui hoje. Além de todas as coisas divinas e
maravilhosas que caracterizaram o Movimento Tropicalista, que até hoje agradeço
a Deus por ter participado, a UNIÃO era o grande segredo, o grande barato. Era
tão forte a união do grupo, da turma, que nem a ditadura conseguiu acabar com a
gente. Caetano & Gil eram amigos desde muito jovens, admiradores um do outro,
fãs mesmo, e permanecem até hoje. Eu sou fã de muita gente, há muito tempo, que
nem fala comigo, de mim, da minha música, do meu trabalho. Hoje fiquei
emocionado porque o Rolando Castello Junior da Patrulha Do Espaço, falou da nossa
amizade quarentona. Sempre tentamos fazer alguma coisa juntos, poucas vezes
conseguimos. Sempre que posso cito a Patrulha e seu comandante que é também meu
compadre pois me deu a honra de batizar seu primogênito. Sempre que posso cito
o Edu Viola meu amigo/írmão desde 1968. Sempre que posso cito o Nico Pereira de
Queiroz, parceiro/amigo/irmão desde 68 também. Sempre que posso cito meus
amigos Cezar de Merces, Gerson Conrad & Pedro Augusto
Baldanza que conheço desde o início dos anos 70. Sempre que posso cito
nossas bandas setentistas O Terço, Som Nosso de Cada Dia, Secos & Molhados,
Terreno Baldio. E quando éramos unidos conseguimos coisas maravilhosas no meio
de um contexto feroz de repressão e obscurantismo. Tento hoje, de nOVO
(hehehe), unir todo esse pessoal assim como brothers & sisters de todo o
Brasil como o Daniel Cardona
Romani e o Antonio Pedro
Fortuna do Rio de Janeiro, o Rafael Cony do Rio Grande
do Sul, o Mario Pazcheco de Brasília, o Moisés Santana da Bahia, O
Juarez de Minas, o João Régis da Bahia também, o Carlos Augusto
Gaertner de Curitiba, a Fernanda Valente do Rio, o Luiz Domingues aqui de
Sampa e muitos outros e outras. Somos um Movimento? Caiu a ficha da união ou
ainda continuamos nossa inglória batalha pelas nossa carreiras individuais ou
das nossas bandas por um um lugar ao Sol? O tempo passa, estamos indo embora...
Música autoral x cover:
Minha humilde sugestão é que as bandas autorais se unam e procurem (criem) espaços alternativos (teatros, casa de shows, locais públicos, etc) onde, inclusive, sua música será ouvida e não fará parte do burburinho, para dizer uma palavra suave, dos bares. A música cover é a trilha musical dos botecos e, dificilmente, cederá lugar à outro tipo de som. As pessoas quando bebem e se confraternizam gostam de ouvir e até cantar músicas conhecidas. A maioria quer só se divertir e não levar a sério qualquer manifestação de arte. É a "filosofia" happy-hour que significa esquecer qualquer coisa relacionada à trabalho ou assunto sério e música autoral é trabalho e assunto sério o que não exclui que seja divertida.
Minha humilde sugestão é que as bandas autorais se unam e procurem (criem) espaços alternativos (teatros, casa de shows, locais públicos, etc) onde, inclusive, sua música será ouvida e não fará parte do burburinho, para dizer uma palavra suave, dos bares. A música cover é a trilha musical dos botecos e, dificilmente, cederá lugar à outro tipo de som. As pessoas quando bebem e se confraternizam gostam de ouvir e até cantar músicas conhecidas. A maioria quer só se divertir e não levar a sério qualquer manifestação de arte. É a "filosofia" happy-hour que significa esquecer qualquer coisa relacionada à trabalho ou assunto sério e música autoral é trabalho e assunto sério o que não exclui que seja divertida.
Com vontade de escrever palavras de ânimo e força para mim e para todos.
Sinto que têm dias que a barra pesa, e como. As cruzes individuais se
interlaçam num emaranhado confuso e, aparentemente, sem perspectivas. Quase
tudo que vejo, ouço, sinto, parece que me impede de ser feliz, de realizar meus
sonhos. Meus amigos tristes e decepcionados, a cidade e o planeta tomados por
notícias negativas. A minha geração se despedindo desse mundo, prematuramente,
sem concluir seu legado. Mas minha certeza é cada vez mais dominante: o
caminho, a resposta, a solução está dentro da gente. Os gurus recomendam a
meditação, olhos fechados, audição voltada para seus sons naturais: a
respiração, a batida do coração, enfim, a voz do seu verdadeiro eu, a Voz de
Deus. Orações, pensamentos que acolham o Amor Infinito que permeia o Universo,
a Força do Bem! Paz-ciência, vida saudável, boa alimentação, exercícios
físicos, a beleza da Arte... tanta coisa que podemos fazer por nós mesmos e,
por conseguinte, pelos outros. Insistir no bom exemplo, sem se preocupar com
resultados, com seguidores. A voz no deserto é ouvida pela areia e pelas
pedras, pelo menos. Nunca estamos sós... ESTAMOS SEMPRE JUNTOS!
"O Rock é uma força da natureza liberada pela música!" (Zé
Brasil)
Lembrando da minha querida mamãe, felicito
todas as mamães da Terra, os seres mais perfeitos que conheço.
Ontem na Feira de Áudio comentei com um inglês (nós dois com os cabelos
prateados, compridos e presos) que os jovens olham para nós como se fossemos
uns velhos decrépitos (hehehe), depois, quando vêm a gente tocar, são tomados
de respeito e admiração! Estou dizendo isso por que só há uns dois dias atrás
caí na real com relação a esse fato. Hoje sempre ajo naturalmente com todas as
pessoas de todas as idades e, provavelmente pelo efeito colateral do
rock'n'roll, com os jovens trato de igual para igual. Doce ilusão! A barreira
transgeracional ainda está sólida e só é transposta pela Internet em algumas
circunstâncias. Para mim a nossa geração é quem vive atualmente no planeta
Terra: pode ter hum ou cem anos, somos todos contemporâneos nessa aventura da
vida. Mas já fui jovem também e me sentia imortal, poderoso e lindo...
kiákiákiá.
Gostando ou não, o rock brasileiro é música popular brasileira: não é
tailandesa, nem alemã, nem marciana... hehehe. Muitas vezes o que o artista
quer ou não quer, o que acha ou deixa de achar, não tem muito a ver com a
realidade dos fatos, com a história. Garanto que muitos MPBistas da gema também
não consideram o rock brasileiro como MPB, apesar de toda a influência desse
gênero desde os anos 50. Mas é inegável e historicamente comprovado a partir da
Jovem Guarda e da Tropicália, principalmente. Considero a influência do Rock
Brasileiro Setentista na música popular brasileira tão importante quanto a
Jovem Guarda e a Tropicália, apesar do seu pouco (re)conhecimento por parte do
público em geral. Sem o desenvolvimento underground, contracultural, da nossa
vertente rockeira durante os anos 70 NADA teria acontecido depois como
aconteceu, inclusive a explosão do Rock Brasileiro nos anos 80.
Coisas pra pensar e não, obrigatoriamente, concordar... viva a
diversidade! O rock vive sua fase jazz: tudo é rock... vai falar isso prum
sambista por exemplo: tudo é samba, ou tudo é forró, ou tudo é tango, ou tudo é
música erudita. A diversidade pressupõem diferenças e os gêneros musicais tem
certos pré-requisitos: ritmo, harmonia e melodia, por exemplo, que os
caracterizam, além da temática no caso das canções. Pode ser o anti-ritmo, a
anti-melodia e a anti-harmonia, pode ser a anarquia musical. Acho que o rock
brasileiro é MPB (música popular brasileira), desculpem-me a ortodoxia
dogmática pré-tropicalista, porque é música popular, é cantado em português/brasileiro
e criado no Brasil. Mas nem toda MPB é rock, óbvio. Então pra que forçar a
barra? Nem toda a chamada Nova MPB é rock brasileiro portanto. Tudo é música,
boa ou ruim, como nós músicos costumamos dizer. Uma coisa é uma coisa e outra
coisa é outra coisa, ou não, como diziam Caetano & Gil.
Nosso sonho estava começando, enquanto lá fora já tinha acabado. Nossos
anos 70 foram os 60 da Europa e Estados Unidos, graças à Ditadura, maledeta.
Mas, mesmo assim, "quem não dormiu no sleeping bag nem sequer
sonhou..." hehehe.
Acho que o lance, em qualquer situação, seja qual for o sexo, é auto
controle para segurar o orgasmo e prolongar o êxtase. As mulheres tem a
vantagem dos orgasmos múltiplos, os homens tem que ter mais paciência, enfim,
pra mim é a verdadeira guerra (boa luta) dos sexos onde todos devem sair
ganhando e dar a preferência ao outro(a).
"MAKE THE LOVE WAR,IN PEACE!"... hehehe.
"MAKE THE LOVE WAR,IN PEACE!"... hehehe.
Eu sou da geração Woodstock, a geração Paz & Amor, que aprendeu com
os índios, Gandhi, Buda, Thimoty Leary, Aldous Huxley, George Orwell, Oswald de
Andrade, Rogério Duprat, Beatles, Stones, Hendrix, Janis, Mutantes...o que não
me impediu de ser torturado por ser rockeiro, hippie, tropicalista, cabeludo,
maconheiro e esquerdista. Hoje acho que o caminho é a tolerância, compaixão,
compreensão de todas as diversidades e respeito à vida em todas as suas formas.
Vivemos uma época que é muito mais fácil odiar do que amar, prejudicar do que
ajudar, maldizer do que elogiar, enfim, é mais fácil ser do Mal do que do Bem e
isso é uma armadilha. A ironia, o sarcasmo, o desprezo, são sintomas de
inteligência e cultura. Ainda acredito num Renascimento, numa Nova Era, como a
flor de lótus nascida no pântano. As grandes crises da Humanidade precederam
períodos de glória! Temos que respeitar as opiniões, as dissidências... não
existe guerra santa.
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